Breaking Bad conta a história de um professor de química,
o Walt, que descobre ter um câncer grave de pulmão. Ele resolve fazer algo para
dar uma renda complementar à família e resolve montar um laboratório para
produzir metanfetamina com um ex-aluno seu. E aí começam todas as aventuras.
Desde o Mundo de Beakman eu não me apaixonava pela
ciência simples. Na faculdade a gente se acostuma com a ideia de que só é
possível fazer experimentos em laboratórios caríssimos e de que a ciência que
vemos na escola é de garagem, é muito básica e não serve para muita coisa. O
Mundo de Beakman foi feito com pouquíssimos recursos e sem muita visibilidade
da TV na época. Ninguém acreditava no potencial educativo que a série teve. E
marcou toda a minha geração.
Com Breaking Bad pude ver um pouco desse conceito
ressurgindo, o de que é possível sim fazer ciência com pouco. Não estou fazendo
apologia às drogas, mas achei fantástico o fato dele montar um laboratório
super simples e conseguir cristalizar uma proteína (!). Durante os episódios
somos sempre lembrados sobre conceitos básicos de química – que eu já havia me
esquecido – como, ligações atômicas, estrutura de moléculas e reações químicas
do tipo ácido e base resulta em sal e água.
Fascinada pelo que Walt consegue fazer em seu laboratório de
Em Nova York há o GenSpace,
laboratório público em que é possível participar de projetos e desenvolver seus
próprios experimentos pagando uma pequena mensalidade. O espaço foi aberto ao
público em 2010 e idealizado por um grupo multi-disciplinar de biólogos,
artistas e engenheiros. A doutora Ellen
Jorgensen é a principal ativista no projeto. Este é o vídeo da apresentação dela
no TED, em que ela fala sobre biohacking.
Em 2012 o laboratório participou do Urban Barcode Project,
competição para alunos do ensino Médio
que faz parte do programa educacional DNA
Learning Center, do Cold Spring Harbor Laboratory. O DNA barcode é
um método que utiliza um pequeno fragmento de 700 pares de base do DNA
mitocondrial para identificar e classificar os organismos de um determinado
local.
O Biocurious é
outro laboratório, dessa vez no Vale do Silício, que segue a mesma ideia de DIY
Bio. Ele começou na garagem de uma das fundadoras, a Eri Gentry, e aqui você
pode ver um vídeo em que ela conta sua própria trajetória profissional e
agradece a Goldman Sachs por não tê-la contratado.
Eles conseguiram ampliar o local dos experimentos da
Biocurious após conseguirem fundos pelo Kickstarter
(site de crowdfunding. No Brasil o mais famoso é o Catarse). Eles também oferecem
aulas à comunidade e acesso a seus laboratórios. Um dos projetos desenvolvidos
por Erin é o termociclador Open
PCR,
uma máquina no estilo DIY desenvolvida como uma alternativa às que são utilizadas
em laboratório e que fazem a amplificação dos fragmentos de DNA.
Eu bem queria conhecer
o Walt, a Ellen e a Erin. Estamos precisando de projetos DIY mais fortes
no Brasil e de uma aproximação maior entre a ciência que se faz na academia e a
que aprendemos no colégio. Ainda percebo que as pessoas acreditam quase que cegamente no que o cara de
jaleco das universidades públicas fala nos documentários ou no diagnóstico
feito por um médico. Está na hora de popularizar mais a ciência, de lembrar os
tempos de Mundo de Beakman e de quando a gente tinha muitos “porquês” na
cabeça.
Eu gostaria de participar de um laboratório aberto, e
você?
Pessoal, link para o vídeo da Erin corrigido ;)
ResponderExcluirO youtube tinha colocado outra coisa no lugar, hehe.
Sensacional o post!
ResponderExcluirComecei a assistir Breaking Bad esses dias também!
Quem sabe um dia criaremos um DIY Lab aqui no Brasil!?
No meio de tanta burocracia e dificuldades o negócio para se chegar a resultados é fazer as coisas com as próprias mãos mesmo.
Adorei seu blog!
Fico feliz que tenha gostado, Otto!
ResponderExcluirAssista mais e depois conversamos sobre as reviravoltas da série, que são excepcionais.
Eu tenho esperanças que um dia isso seja possível aqui no Brasil, pelo menos em São Paulo. Quem sabe 2013 não seja o ano?!
Obrigada pelo elogio, mais uma vez.
E vamos à troca de figurinhas!